Sinopse: A história se passa no continente Kongsang. O príncipe herdeiro Shi Ying foi exilado para a Montanha Jiuyi para cultivar ("cultivar" refere-se, na ficção chinesa, a desenvolver seus poderes mágicos, basicamente, treinar feitiços). Após alguns anos, ele se torna um sacerdote poderosíssimo e recruta discípulos. Assim, ele se torna mestre da princesa da Tribo Chi Yi, Zhu Yan. Um sentimento intenso começa a surgir entre os dois, mas, diante de sua relação mestre-discípula, eles não podem se relacionar amorosamente. Além disso, diante de intrigas políticas, ambos se veem em lados opostos. Apesar de tudo, eles frequentemente se unem para proteger Kongsang.
Essa história será publicada simultaneamente aqui e no Wattpad e não terá data certa de postagem, pois só é possível postar quando a tradutora tem tempo livre. Agradeço a compreensão.
Zhu Yan foi forçada a se casar em Susa Haru quando tinha 18 anos. No meio da noite, quando a grande celebração acabou, todos na Tenda Dourada do Rei estavam deitados em cima da mesa e as taças douradas estavam espalhadas pelo chão.
Os enviados da Capital Imperial não puderam impedir que os nobres Huotu brindassem. Eles estavam muito bêbados, e até os guardas fora da tenda estavam tão bêbados que adormeciam um após o outro. (Brasil?)
Zhu Yan sentou em outra tenda dourada. Ouvinod o rumor de que os guardas estavam perduadindo uns aos outros a beberem mais vinho desaparecendo gradualmente, ela se levantou, arrancou o vestido vermelho de casamento bordado com ouro e jade e rapidamente fez um coque elegante e disse: "Eu tenho que ir."
"Princesa," -- a criada Yu Fei parecia um pouco preocupada -- "por que não deixa Yun Man acompanhá-la?"
"Está tudo bem, Yun Man deve ficar de olho no Grande Mago na tenda em frente. Eu posso ir sozinha."
Ela abriu uma caixa trazida da Mansão do Rei Vermelho e pegou algo de dentro: um grampo de jade de um pé de comprimento (aproximadamente 30,5 cm), requintadamente cortado, como uma árvore vidrada; era todo branco, apenas um pouco vermelho na ponta, e uma nuvem de brilho fracamente refletida devido à luz.
O Mestre disse que esse grampo chama-se "Osso de Jade". Ele veio do fundo do Mar Azul, onde nem os tubarões podem nadar. Tem um pé de comprimento e é uma relíquia antiga da Rainha Bai Wei, o artefato mágico mais poderoso do mundo.
Rainha Bai Wei? Só pode ser piada, ela não tem 7.000 anos de idade? Esses sacerdotes da Montanha Jiuyi sempre gostam de enganar os nobres de Kongsang com esses bens e artefatos. No entanto, nesse momento, quando ela segurou o Osso de Jade, ela sentiu que estava um pouco nervosa. Desde que o Mestre deu a ela essa arma mágica, ela só usou uma vez. Da última vez, foi só um teste, só um pequeno teste, e causou uma série de problemas. Dessa vez, é uma arma real. Ela se sentia insegura. Ela respirou fundo, agarrou o Osso de Jade com sua mão direita e perfurou sua mão esquerda com ele, de forma profunda e limpa. (😖)
Com um som de "woosh", um pequeno ponto vermelho surgiu em sua mão esquerda. As gotas de sangue condensaram nas pontas de seus dedos brancos e cresceram rapidamente até ficarem tão grandes como uma conta de coral.
No entanto, no momento em que ele estava prestes a cair, como se tivesse sido sugado, foi para trás ao longo do grampo; o Osso de Jade sugou a gota de sangue, e o escarlate em sua ponta ficou tão brilhante que uma flor desabrochou num piscar de olhos. Ela rapidamente juntou as mãos e recitou o mantra em silêncio. Em uma curta celebração, a flor maravilhosa desabrochou e e murchou em uma velocidade visível a olho nu, e finalmente transformou-se em cinco pétalas que caíram no brocado (um tipo de tecido) da cama. (Que lindo!) No momento do pouso, outra garota idêntica a Zhu Yan apareceu no brocado.
Yu Fei, a criada ao seu lado, suspirou e quase gritou: "Esse é o método mágico? É dito que a Princesa Zhu Yan uma vez aprendeu o método mágico da Montanha Jiuyi no palácio quando era apenas uma criança. Acontece que é verdade!"
"Não tenha medo, é apenas uma concha vazia feita com meu sangue." Ela suavizou a colcha de jade, levantou a mão e beliscou o rosto da falsa Zhu Yan, sentada sem vida na cama. Seus membros eram macios e quentes, com pele real, até carne e sangue, como uma pessoa real (wow). No entanto, a pessoa que estava sendo beliscada estava sem expressão, como um fantoche (confesso que tá dando um pouco de medo rsrs). Zhu Yan pegou o Osso de Jade e o acendeu no meio das sobrancelhas da falsa Zhu Yan, seus lábios se moveram um pouco. A boneca gradualmente curvou a cabeça e parecia estar ouvindo suas ordens.
"Esse feitiço só dura 12 horas. Temos que nos apressar!" -- depois de Zhu Yan terminar de lançar o feitiço, ela cuidadosamente examinou o resultado e virou a cabeça para a criada -- "Ponha minhas roupas e joias nela, você não pode esquecer nada, entendido?" (Ela vai fugir)
Yu Fei olhou para a figura de madeira um pouco assustada: "Princesa, você realmente vai..."
"Não seja tão temperamental, eu já discuti isso com você tantas vezes. Você está com medo agora? Você realmente quer passar o resto da sua vida nesse fim de mundo?" -- Zhu Yan era um pouco temperamental, e de repente ficou impaciente -- "Quando tudo isso acabar, você sairá correndo e pedirá socorro! Você entendeu?"
Yu Fei assentiu timidamente e apertou a alça do casaco (alça do casaco, ok, vamos interpretar como manga).
"Não tenha medo. Isso é simples. Vai funcionar." -- Ela pegou o Osso de Jade e o guardou, então juntou o cabelo e o prendeu em um coque usando o grampo. Ela se cubriu com uma capa larga e quente e saiu -- "Só escute meu sinal e siga o plano."
Estava frio lá fora, e o vento severo rugia em seus ouvidos, chicoteando seu rosto com flocos de neve (escrevendo isso num momento em que tá extremamente frio na minha cidade, mas ainda não chega nesse ponto, graças aos céus), de modo que ela mal conseguia manter os olhos abertos. Ela cobriu sua cabeça e rosto com o capuz e andou ao longo das fogueiras e tendas cuidadosamente evitando os guardas bêbados, com as mãos escondidas nas mangas para ocultá-la. Por sorte, Yun Man conseguiu manter o mago do Clã Houtu ocupado, de outra forma, com a magia e a visão do velho, ela não conseguiria ir e vir livremente como agora.
Ela mergulhou direto no vento e na neve, longe do acampamento. Ela não sabia quão longe tinha ido mas não parou até não conseguir mais ouvir nenhum barulho, e então ela parou, exausta. Ela sacudiu a capa com seus dedos rígidos e percebeu que seus lábios estavam rachados e cobertos de neve e ela respirava com muita dificuldade. Esta era a borda externa de Susa Haru, mais ao longe ficavam as planícies, cheias de pastagem.
É dito que a segunda neve do inverno está caindo há mais de um mês, e acumulou dois pés (61 cm) de altura. Em um inverno tão frio, receio que o gado morra de frio lá fora. Como os pastores sobreviveram até a primavera?
Aqui é a relativamente próspera Bacia Aymia no Deserto Ocidental, um oásis no deserto e o local em que o Clã Houtu se estabeleceu. Rebanhos de vacas e ovelhas pastam e o leite com mel flui no rio. No entanto, comparada com a Cidade do Vento Celestial, onde localiza-se a tribo Chi, ainda é apenas um céu e uma terra, sem falar no próspero Império Jialan. Não surpreende que, quando ela ouviu que ia casar em Susa Haru, a Concubina Imperial chorou por vários dias para seu pai.
"Ah, Yan é sua única filha. Qual dos seis outros vassalos não estão lutando para enviar seus filhos para a Capital Imperial? Por que você quer que minha única filha vá para um lugar tão desolado e case-se com um bárbaro?"
"Mesmo que ela se case com um bárbaro, ainda é melhor que fugir com aquele escravo tubarão!" -- o pai respondeu ferozmente -- "Não se atreva a mencionar mais esse assunto! Eu já pedi um édito (decreto) imperial para o imperador. Se ela não for, o Clã Vermelho será atacado pelo Clã Celestial!" (Ele pediu um decreto pro imperador dizendo que se a filha não casar com o cara que ELE escolheu, é pro exército do imperador atacar o reino dele, é isso mesmo? Que rei irresponsável é esse, minha gente? Caberia um Mandato dos Céus* aqui, não?)
*Mandato dos Céus (天命): princípio criado durante a dinastia Zhou (1046 a.C - 256 a.C) que diz que o reinado do imperador é legitimado pelos Céus, mas, diferentemente do Direito Divino dos Reis ocudental, esse mandato prevê a deposição do imperador caso este se torne muito autoritário e prejudique seu próprio povo.
A mãe não se atreveu a responder, ela só abraçou as pernas e chorou silenciosamente (tadinha). Pensando sobre o "escravo tubarão" que o pai estava falando, ela perdeu as palavras por um momento e esqueceu de responder de volta pela primeira vez desde que ela nasceu.
"Caso contrário, é melhor você fugir e encontrar seu Mestre." -- na véspera do seu casamento, sua mãe quietamente a deu uma bolsa de brocado cheia de joias delicadas. Cada peça era suficiente para uma pessoa comum viver tranquilamente pelo resto da vida -- "O Mestre Shi Ying é um grande Deus da Montanha Jiuyi. Até para o imperador de Jialan, é um tabu falar sobre ele."
"O Mestre frequentemente viaja em isolamento. Quem sabe onde ele está agora? Além disso, a Montanha Jiuyi é muito longe daqui. Como a água distante pode apagar o fogo próximo? (provavelmente ela quis dizer "como alguém que está tão longe pode resolver meu problema?")
"Você não o seguiu para aprender suas habilidades por vários anos? Você não sabe como voar e como escapar?" (Sim, ela sabe, e como sabe) -- a mãe da princesa tossiu -- "Eu vou distrair seu pai, então vá e fuja secretamente!"
"É possível fazer isso, mas qual a utilidade de eu sair por aí sozinha?" -- ela murmurou -- "Eu estou saindo, mas e o Clã Chi? O Imperador não vai ameaçar o papai?” (ela ainda se preocupa com o pai/ no drama ele era um amor tbm, mas aqui...)
Vendo a Concubina Imperial franzir a testa, ela parou, relaxou o tom e tentou confortar a mãe: "Está tudo bem. Eu só vou me casar. Do que a senhora tem medo? De qualquer maneira, não é uma vergonha se casar no Clã Houtu, a mais poderosa das quatro tribos do Deserto Ocidental."
"Mas você não gosta dessa pessoa!" -- a Concubina Imperial olhou para ela e hesitou -- "Não é de quem você gosta, não é..."
"Você quer dizer Yuan, certo? Já faz mais de dois anos." -- ela sorriu, conscientemente entrelaçando os dedos na franja de seu cinto e fingiu dizer despreocupadamente -- "Está tudo certo. Ele não gosta de mim de qualquer forma. Eu já superei isso."
Depois de uma pausa, ela suspirou e sussurrou: "Aliás, o que eu posso fazer? Eu nem sei por onde ele está andando agora."
"Ai de mim... ele é um Tubarão, afinal." -- A mãe murmurou -- "Como pode a Princesa da família real Kongsang estar com o povo do abismo que foi escravo por gerações? Embora aquele cara seja... bem, ele é realmente lindo."
Sério, gente, assistam The Longest Promise, vcs não vão se arrepender, é simplesmente MARAVILHOSO
O sorriso no rosto de Zhu Yan congelou por um momento, pois ela não esperava que sua mãe dissesse uma coisa dessas. (Claro que não, ninguém em sã consciência vai imaginar a própria mãe falando que um cara provavelmente mais jovem que ela é um gato, né?)
Chen Yuan. Esse nome existiu no Palácio por centenas de anos, mas sempre foi um tabu. Toda vez que o Rei Vermelho o mencionava, era acompanhado de insultos raivosos. Se não fosse pelo fato de os Tubarões e o Povo Vermelho possuírem 100 anos de história e terem feito grandes contribuições ao Palácio Vermelho, e ele ainda tinha o livro do elixir da morte dado pelo Imperador Gaozu¹ em suas mãos, o pai dela teria o puxado para fora e o amarrado em cinco cavalos por raiva. (E pensar que no cdrama ele era muito de boa...)
¹ Não sei se nesse caso é uma referência, mas o Imperador Gaozu foi o primeiro imperador da Dinastia Han (206 a.C. - 220 d.C.).
"Muito do mundo não pode ser salvo. A Zhu Yan fala para o espelho e as flores falam para a árvore."
Ele uma vez disse isso na véspera de sua saída da Residência do Rei Vermelho, onde viveu por 100 anos. Essa frase a fez ter medo de tudo e todos por um longo tempo e seu coração sentiu-se vazio. (Sério? Eu tinha achado tão lindo)
"Esse povo do abismo do Mar Azul tem rostos lindos dados pelos deuses. Tão deslumbrantes como o sol e gentis como água de nascente, que mulher não os desejaria?" (Tô me segurando pra não rir)-- A mãe da princesa suspirou levemente e hesitou -- "Eu não estou falando de você. Naquela época, a Grande Senhora também era."
"Oi?" -- Zhu Yan não pôde deixar de se perguntar -- "O que aconteceu com a bisavó?"
A mãe da princesa ficou em silêncio por um momento, balançou a cabeça e mudou de assunto (ah, não, começou, agora termina): "Bem, se não fosse por isso, seu pai deixaria você e as outras seis princesas irem à Capital Imperial e participarem da seleção das Concubinas Imperiais; a aparência da minha A'Yan pode não ser inferior à da Princesa Xueying, o rouxinol-das-neves, do Clã Bai, talvez..."
"Ah, a beleza está nos olhos de quem vê, mãe! Xueying, o rouxinol-das-neves, é muito mais bonita do que eu!" Ela interrompeu indelicadamente a imaginação da mãe e lhe deu um banho de água fria.
A concubina franziu a testa: "Quando me casei com seu pai, eu não era uma Concubina Imperial. É bom estar com alguém de quem se gosta. O status é tão importante assim?"
Claro que é importante! Caso contrário, em seus primeiros anos, você não teria sido intimidada por aquela velha bruxa todos os dias até ela morrer. -- Zhu Yan murmurou as palavras em seu coração, mas temia que sua mãe ficasse triste, então não ousou deixar escapar uma palavra. (Noooossaaaaa!)
A Concubina Imperial olhou para a expressão teimosa da filha e suspirou suavemente: "Sim, como você pode ser inferior aos outros? Com seu temperamento explosivo, se você realmente for para a Capital Imperial de Jialan, causará problemas o tempo todo. Talvez isso afete até a família inteira. Então -- cof-cof -- , não se casar com a Capital Imperial é uma bênção disfarçada..." (Gente do céu, família linda🤣🤣🤣)
"Não diga isso, mãe!"
"Filha, eu te conheço melhor!" Ela fez um gesto largo com a mão. (Mães...)
"Então você ainda responde ao seu pai?", -- a mãe tossiu e a repreendeu -- "Naquela época... Se você tivesse abaixado a cabeça naquela hora e dito algo gentil para acalmar a raiva do seu pai, aquele homem Tubarão provavelmente não teria terminado assim... As pessoas vivem no palácio há mais de cem anos em paz e não causaram problemas. Se não fosse por você fazer tanto alvoroço, como poderia ser..." (caraca)
"..." O sorriso no rosto de Zhu Yan desapareceu e ela permaneceu em silêncio. (Depois dessa patada, até eu né?)
Sim, se ela tivesse se ajoelhado e implorado ao pai naquela época, Yuan talvez não tivesse...
"A'Yan, você foi mimada desde criança." -- Sua mãe olhou para ela e balançou a cabeça -- "Essa menina é tão corajosa, habilidosa, inteligente e capaz, mas ela nunca quer admitir a derrota – se ela fosse um menino, seu pai teria ficado tão feliz, mas ela nasceu para ser uma menina..." (mas a mãe tirou o dia pra dar lapada na filha, meu Deus)
"Então isso também é minha culpa agora?" -- ela ficou um pouco irritada e se levantou rapidamente -- "É claramente culpa do meu pai. Ele não pode dar à luz um menino! Veja bem, ele se casou com tantas concubinas e por mais de dez anos não conseguiu conceber um filho..." (pior que sim, quem determina o sexo é o espermatozoide)
"Do que você está falando?" Um passo de trovão veio de fora, e o Rei Vermelho entrou. (Vixi, agora danou-se)
Ela encolheu a cabeça, assustada, e engoliu a segunda metade da frase que ainda estava na ponta da língua.
"Você vai se casar em poucos dias e ainda fala essas bobagens!" -- O Rei Vermelho encarou a filha descuidada e ficou tão zangado que suas sobrancelhas grossas se ergueram como raios -- "Essa sua boca grande é tão franca, quando você for se casar com Susa Haru, quem mais estará lá para te apoiar?"
Como resultado, ela foi apontada com o dedo na testa e recebeu um sermão por uma hora. Ela quis retrucar várias vezes, mas quando viu os olhos patéticos de sua mãe se encherem de lágrimas, só conseguiu ficar em silêncio e suportar. De qualquer forma, ela se casaria em um lugar distante em mais de um mês. Se seu pai a repreendesse com mais força, ela teria uma refeição a menos. E o pai está apenas falando sem tomar outras atitudes, deixe-o falar. Mesmo que ela se case com Susa Haru de verdade, as pessoas do Clã Huotu não deveriam ousar tocar um dedo nela. O pai não mencionou antes os soldados iriam matá-los diretamente da Cidade do Vento Celestial? (Pai brabo esse)
Ela, a Princesa Zhu Yan, é a única filha legítima do Rei Vermelho. Se seu pai não conceber nenhum filho homem no futuro, ela herdará o título de Rainha Vermelha e assumirá o comando de todo o Noroeste. Portanto, depois que ela chegou à idade de casar, as quatro tribos do Reino da Areia correram para pedi-la em casamento, e as pilhas de príncipes quase ultrapassaram a soleira. (tudo quer ser consorte, né?)
A princípio, seu pai não gostou dessas tribos ocidentais. Ele queria escolher um genro entre os seis clãs de Kongsang, mas não queria que ela escolhesse. No final, ela se apaixonou por um escravo tubarão e quase fugiu. Em sua fúria, o Rei Vermelho pediu um decreto imperial ao Imperador Jialan, e ele, de forma simples e organizada, escolheu a casa de um marido para essa filha descuidada e a enviou para se casar. (Não entra na minha cabeça um rei de um clã, tipo um governador, ter que pedir pro imperador emitir um decreto pra ele poder casar a filha)
O genro escolhido pelo Rei Vermelho é Ke Erke, de 20 anos, o novo Rei de Huotu. Ke Erke é apenas dois anos mais velho que Zhu Yan. Ele é corajoso e adora caçar. Dizem que ele pode dilacerar o lobo branco no deserto com as próprias mãos. Após a morte do velho Príncipe, ele herdou o trono e guardou o portal ocidental de Yunhuang para Kongsang, ganhando o título de "Rei de Guangmo", canonizado pela Capital Imperial. Cada passo teve algo a ver com o planejamento cuidadoso de sua mãe biológica.
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Com uma sogra assim, casada sozinha no deserto, a vida não parecia ser muito fácil. Zhu Yan suspirou e silenciosamente contornou o acampamento na neve, chegando aos estábulos remotos. Entre as quatro principais tribos da Região Ocidental, o Clã Huotu, na Bacia de Aymia, é conhecido por seus cavalos abundantes, e os estábulos estão naturalmente repletos de vários exemplares famosos. Os criados que administravam os estábulos estavam todos bêbados, dormindo com a cabeça sobre a mesa de vinho (😂). Por causa do frio, os valiosos cavalos encostavam-se uns nos outros, cochilando e roncando levemente, e o ar quente condensava-se em fumaça branca na noite.
Seus passos eram tão leves que mesmo o cavalo mais vigilante não abria os olhos.
"Bem, aqui estamos. Está tão frio. Está congelando de morte." Zhu Yan murmurou, tirou uma garrafa de jade da manga e puxou a rolha. Em um instante, algumas nuvens de fumaça subiram da garrafa de jade e foram levadas pelo vento e pela neve. Os cavalos bufaram, mas não acordaram. Caíram em um sono profundo com um balançar de cauda.
"Que bom, não vamos deixar esses animais estragarem a brincadeira descuidadamente mais tarde." (eu acho que ela mesma vai estragar)
Depois de cuidar dos cavalos, Zhu Yan voltou ao espaço aberto e tirou o Osso de Jade do coque. Assim que o grampo foi removido, uma longa massa escura de cabelos ruivos se espalhou de repente como cetim, esvoaçando ao vento como uma bela bandeira. Ela se abaixou e enfiou o Osso de Jade na neve, empurrando-o com força com as duas mãos. No auge do inverno no deserto, o frio era tão intenso e o solo estava tão congelado que o grampo fez um som de fricção semelhante ao da colisão de ouro e ferro ao finalmente ser penetrado. Segurando o Osso de Jade com as duas mãos, ela desenhou meticulosamente um círculo na neve com grande dificuldade, circundando-se no meio.
"Ah, depois de praticar centenas de vezes, o desenho ainda não está redondo." (precisava de um compasso pra ficar certinho) -- Ela olhou para o resultado do seu próprio trabalho e não pôde deixar de murmurar -- "Mestre, você vai me repreender de novo quando vir isso?"
Com um suspiro, Zhu Yan começou a esculpir um padrão complexo na neve com a mão direita, começando do centro, sem ousar se desviar de cada traço. Levou quinze minutos para desenhar todas as figuras complexas na neve.
"Certo, agora deve estar correto." Depois de verificar novamente, seus dedos estavam quase congelados. Ela bateu na boca com a ponta dos dedos, respirando sobre eles para soltá-los, depois aqueceu as mãos, acariciando as palmas com um pouco de força. Com um som de escova, ela inseriu o Osso de Jade no centro do amuleto recém-criado, empurrando-o profundamente no chão, revelando apenas um pouco de vermelho por fora da neve. Então ela juntou as mãos e começou a recitar um feitiço.
Pastoreio. Este era o feitiço mais complexo que ela já aprendera, e era a primeira vez que o usava em um combate real, e era inevitável que estivesse um pouco nervosa. No entanto, quanto mais nervosa, mais erros cometia. Ela apenas dizia três ou quatro frases e imediatamente cometia um erro. Soltou um suave "bah", sentindo-se ansiosa, e só conseguiu recomeçar com uma expressão amarga. Desta vez, concentrou-se mais e não se deixou distrair. O elogio saiu longo e fluente como água. (isso tem potencial de dar tão errado...)
Com o som do feitiço ainda ecoando no ar, o Osso de Jade inserido na neve absorveu o poder da terra, cresceu rapidamente a uma velocidade visível a olho nu e irrompeu da neve num piscar de olhos, transformando-se em um cajado tão primorosamente esculpido quanto uma árvore de jade! Ao mesmo tempo, o chão encantado sob seus pés de repente começou a brilhar!
No círculo brilhante, o chão coberto de neve começou a subir e descer, como se algo sob a neve acordasse e se contorcesse inquieto. Os cavalos no estábulo pareciam sentir um certo perigo sinistro, e houve um pouco de comoção, mas estavam presos pelo feitiço anterior, então não conseguiram acordar para fugir naquele momento. (ela tocando o terror)
"Levante-se!" Após recitar a última palavra, Zhu Yan levantou a mão para segurar o Osso de Jade e o puxou para cima. Ouvindo apenas o som de roçar, a neve pesada por todo o chão começou a subir com ele! Ouviu-se um rugido baixo sob a neve. A terra se rompeu em um instante e algo se elevou.
Era uma fera nunca vista antes no mundo. Uma a uma, elas voaram do fundo da terra, saltaram, formaram-se no ar e caíram no chão em um instante – aquelas feras a cercaram, ferozes e aterrorizantes, ansiosas para atacar, mas com medo de algo, recuaram para fora do círculo luminoso. Zhu Yan ergueu o Osso de Jade e apontou para eles: "Ajoelhem-se!" (já antevejo isso dando m)
Aqueles gigantes tremeram instantaneamente, como se estivessem sendo pressionados por uma força irresistível. Seus corpos foram tão esmagados que se ajoelharam na neve com os joelhos da frente dobrados no chão. Ela ergueu o Osso de Jade, tocou suavemente a testa das feras e leu a última frase da habilidade espiritual de Pastoreio, de acordo com o livro: "Todas as criaturas das Seis Harmonias e Oito Terras Devastadas, obedeçam às minhas ordens!"
Os gigantes estremeceram e curvaram a cabeça, obedecendo. Ela acendeu a testa da fera com o Osso de Jade e murmurou como se tivesse dado algumas instruções. Quando o Osso de Jade foi guardado, ela levantou a mão, apontou para a tenda ao longe e sussurrou: "Vão!"
Ao ouvir o som de roçar, o vento e a neve rugiram violentamente, e o grupo de feras já havia se lançado em direção à tenda dourada! Zhu Yan olhou para eles à distância e suspirou aliviada: "O assunto está finalmente resolvido, agora temos que escapar rapidamente." Ela não ousou ficar parada por muito tempo. Segurando o Osso de Jade na palma da mão, depois que o círculo mágico desapareceu, ele se transformou novamente em um grampo de cabelo de trinta centímetros. Ela o inseriu no coque recém-feito, puxou o capuz, cobriu a cabeça e o rosto e escolheu o melhor cavalo-leão de jade-brilho-da-noite do estábulo, preparando-o para ser usado como montaria para fugir. (ela conseguiu, é esperta)
Cento e sessenta quilômetros ao norte dali, através do Desfiladeiro Xingxing, é possível chegar à Montanha do Vazio. Há santuários e altares na montanha, e ainda não é tarde para começar a fazer planos a partir daí.
No entanto, enquanto guiava o cavalo para partir, assim que se virou, ouviu um som estranho no estábulo vazio – algo parecia passar suavemente pela escuridão atrás dela, suas garras raspavam o chão. Zhu Yan se assustou. Tirou cuidadosamente o monte de grama que estava no caminho.
O som estranho cessou imediatamente. Um par de olhos brilhou na noite, encarando-a.
"Hã?", ela franziu a testa, surpresa, e descobriu que era apenas uma criança. Muito pequena e magra, aparentando ter apenas seis ou sete anos, como uma raposa agachada. Provavelmente faminta, com um par de olhos brilhantes naquele rostinho pálido que parecia particularmente grande, a pupila azul-escura e um rosto sujo, não se sabia dizer se era um menino ou uma menina.
A criança a observava de trás do monte, segurando entre os dedos molhados um pequeno pedaço de bolo encharcado de lama, coberto de ulcerações vermelhas e inchadas pelo frio. (tadinho 🥺)
COMENTÁRIO DA TRADUTORA: Já vi famílias horríveis e famílias fofas, mas uma família engraçada é a primeira vez 🤣🤣🤣🤣🤣
Capítulo 3
Ela congelou por um momento: era claramente o que sobrara do banquete. Esta criança tinha acabado de pescar comida escondida no meio da lama dos estábulos no meio da noite? Será que a criança viu tudo o que ela fez? Isso é realmente problemático. Com um suspiro, ela guardou a faca na bainha e se agachou. (Se ele viu, danou-se)
"De qual família você é, filho? Por que não foi jantar na frente de batalha?" -- ela olhou para os olhos negros da criança e perguntou, confusa -- "Hoje é um dia feliz para Huotu, e todos os escravos podem comer uma porção de carne e vinho. Por que você está morrendo de fome aqui sozinho?" Ela falou suavemente e gentilmente, mas levantou os dedos silenciosamente, tentando controlar o pulso da criança. A criança, no entanto, estava tão vigilante que se encolheu de sua mão em um instante, pouco antes que seus dedos pudessem sequer se aproximar para tocá-la. Assim que ele se moveu, o estranho som metálico soou novamente.
Zhu Yan olhou, e seu rosto mudou de repente de cor: os pés da criança estavam presos com uma pesada corrente de ferro! As algemas frias de ferro prendiam os tornozelos da criança (tadinho🥺). Ele estava deitado ali, olhando para ela com desconfiança, rastejando cautelosamente para trás, as algemas de ferro e o chão roçando uns nos outros, fazendo o estranho ruído que ela ouviu antes começar a ecoar novamente no quarto vazio. A outra ponta da corrente levava a um galpão escuro atrás do estábulo.
Em uma noite tão gelada, as roupas da criança estavam em farrapos, suas mãos e pés expostos estavam cobertos de queimaduras de frio e seus tornozelos pequenos estavam cobertos por camadas de crostas de sangue, cicatrizadas e ulceradas. Mas o mais assustador era que ela descobriu que o motivo pelo qual a criança estivera engatinhando o tempo todo era que sua barriga estava alta e saliente, e parecia ter um sarcoma no abdômen, o que a impossibilitava de ficar em pé. Seria o filho de um pecador? Senão, como poderia acabar tão miserável? (Pecador não, uma pessoa bem pobre, e msm se fosse filho de um pecador, o filho não tem que pagar pelos erros do pai)
Perdida em pensamentos, ela inconscientemente deu um passo à frente. A criança, com aparência de animal, a observou com atenção, rastejou de volta rapidamente, com as algemas de ferro tilintando ruidosamente, e manteve a distância, enquanto ainda segurava o bolo e a bebida na mão.
"Ei, não fuja!" Quando ele estava prestes a subir de volta para a porta, Zhu Yan estendeu a mão gentilmente, beliscou sua nuca e o ergueu no ar como se fosse um cachorrinho. A criança sacudia as mãos e os pés desesperadamente, lutando para se libertar, mas permaneceu em silêncio, com uma teimosia estranha no rosto, recusando-se a falar.
"Quer me morder?" -- ela também tinha um temperamento ruim, não conseguiu evitar torcer o braço da criança levemente (ela no drama era mais amigável) e bufou friamente -- "É madrugada, você não dormiu como todo mundo, por que veio a este lugar? Diga-me a verdade ou não vou poupá-lo."
Ela agarrou a pequena fera mal-humorada e puxou o Osso de Jade do cabelo com a outra mão.
"Bem... Ugh!" -- de repente, uma voz vaga surgiu da escuridão, ansiosa e assustada. No mesmo instante, a criança silenciosa de repente deixou escapar -- "Ah-Niang¹! Não diga nada!"
¹ Niang (娘): mãe
Zhu Yan ficou surpresa: afinal, a criança não é muda?
"Quem está aí?" ela franziu a testa. Sabendo que havia uma segunda testemunha ali, ficou ainda mais agitada. Levantou-se e abriu a porta do galpão de lenha. O cômodo era pequeno e escuro, com um cheiro desagradável e fétido, como se contivesse carne podre.
O galpão estava cheio de coisas, e ela não conseguiu enxergar direito por um momento. Uma luz fraca iluminou a frente. Naquele momento, ela tremeu por um segundo, não pôde deixar de gritar! Agora mesmo, ao tropeçar, o que chutou foi uma jarra de vinho feita de cerâmica grosseira, com mais de um metro de altura, que geralmente era usada por aqueles pastores alcoólatras no deserto para armazenar suas próprias bebidas; a jarra rolou pelo chão até finalmente bater na parede no canto da casa e então parou. No entanto, aquela jarra tinha a cabeça de uma mulher careca aparecendo no topo! A mulher sem pelos mergulhou na escuridão, espiou por dentro do jarro de vinho e a encarou. Seus olhos eram profundos e seu rosto estava coberto de sangue. Aquela expressão feroz fez Zhu Yan ofegar e recuar rapidamente (eita ferro!).
Fantasma! Há uma fantasma no galpão!
"Ah-Niang! Mãe!" A criança engatinhou até ela, gritando, erguendo os braços finos como talos de cânhamo², tentando desesperadamente pegar a urna de vinho. No entanto, o homenzinho era muito pequeno e fraco, e não conseguia erguer a pesada urna. Toda vez que tentava erguer metade dela, caía de volta no chão. A urna estava deitada horizontalmente no chão, rolando sem parar. A cabeça da mulher se estendia para fora da urna, encarando-a, emitindo um som de "ho-ho" com a boca, sem pronunciar nenhuma palavra inteligível; sua língua havia sido cortada. Naquele momento, Zhu Yan finalmente entendeu e perdeu a voz: "Humana... Urna humana?"
² Uma planta da classe da Cannabis sativa -- sim, a da maconha, mas elas são diferentes: essa é usada na indústria têxtil e em várias outras e tem uma concentração menor de TCH (o componente alucinógeno) e maior de canabidiol (que atenua os efeitos psicoativos).
Sim, aquela mulher não era um fantasma, mas uma pessoa viva cujos membros foram todos decepados e colocados em uma jarra de vinho para viver! (Queria entender como uma pessoa sobrevive assim)
Como... Como uma coisa dessas ainda pode existir?! Ela tremia por inteiro e ficou imóvel por um momento. Sim, ela não tinha medo de fantasmas ou monstros, mas simplesmente não sabia como lidar com pessoas vivas assim.
Este estábulo é o inferno na Terra!
Desde que o Imperador Beimian assumiu o trono, a pedido do Grande Comandante e do Grande Sacerdote, o Imperador Jialan emitiu um decreto para abolir dez tipos de tortura em todo o reino Yunxuan, incluindo a urna humana. Por que ainda existe uma mulher assim escondida nos estábulos do Clã Houtu?
Ela não conseguiu se recuperar por um momento, estava atordoada. A criança se esforçou para levantar a jarra de vinho, limpou o corte na testa da mãe com a manga suja e entregou-lhe o pedaço de bolo. A mulher na urna estava obviamente com muita fome. Ela engoliu tudo de uma vez e quase não mordeu a mão do filho.
Zhu Yan a encarou, sentindo que ela era vagamente familiar, e de repente perdeu a voz: "Você é... Você é Yu Ji?"
A mulher na urna ficou surpresa e olhou para ela. O rosto estava ensanguentado e carnudo, como se tivesse sido cortado por uma lâmina afiada, e seu cabelo estava tão sujo que ela nem conseguia distinguir a cor. Mas aqueles olhos ainda eram azuis, como pedras preciosas.
Naquele momento, Zhu Yan de repente percebeu. Sim, aquela era Yu Ji! Ela era a mulher favorita do Rei do Clã Huotu quando ele estava vivo!
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No passado distante, cerca de dez anos atrás, ela a viu. Quando ela era criança, o velho Rei de Huotu certa vez levou esta mulher para a Cidade do Vento Celestial e visitou secretamente a Mansão do Rei Vermelho. O homem de sangue de ferro deixou de lado a dignidade de Rei do deserto, curvou a cabeça, implorando pelo apoio do Rei Vermelho, que comandava a Terra Selvagem Ocidental, e o ajudou a suprimir as dissidências dos anciãos da tribo, para que a mulher Tubarão pudesse ser aceita com sucesso como consorte secundária.
"Uma escrava Tubarão deu à luz uma criança! Já é bom para ela ser concubina, mas você ainda quer torná-la consorte secundária?"
O pai não pôde deixar de zombar e desprezá-lo sem cerimônia: "Digo, velho irmão Geda, você está na casa dos quarenta, não se deixe enganar pela banha..." No entanto, no meio do discurso, a voz de seu pai parou de repente. Porque naquele momento, uma rajada de vento soprou o véu, revelando o rosto da mulher que estava sentada em silêncio com a cabeça baixa. Naquele momento, mesmo que estivesse se escondendo para escutar, ela não pôde deixar de dizer "ah!".
A mulher era tão linda, como uma fada!
A mulher-tubarão, com longos cabelos azuis, abaixou a cabeça, franziu levemente os lábios finos como pétalas, os cílios pareciam abaixados de vergonha, e não disse uma palavra do começo ao fim. No entanto, por trás do véu, seus olhos azuis e brilhantes eram tão gentis quanto água de nascente, luminosos e silenciosos, fazendo com que todas as palavras parecessem inúteis.
O pai parou de falar imediatamente e finalmente suspirou: "Ainda sinto pena de você, como falar de uma velha escrava?"
Ela não conseguia se lembrar se o pai apático apoiou o pedido mais tarde. Naquela época, ela tinha oito anos e olhava para a deslumbrante mulher-tubarão, atordoada, pensando que Deus era tão injusto em conceder o rosto mais bonito do mundo a um Tubarão do Mar Azul, deixando as várias raças da terra empalidecerem em comparação. (Ciuminho)
Enquanto os adultos discutiam ferozmente na tenda, ela não pôde deixar de se esgueirar, subir no colo de cada um deles e encarar a mulher-tubarão por um longo tempo por baixo do véu. A mulher parecia muito tímida e gentil, mas olhava para a menina em silêncio, sem dizer uma palavra.
Ela era tão animada e impaciente naquela idade que facilmente perdia a paciência; ela abriu a boca e falou primeiro. Ela segurou o doce na palma da mão e sussurrou: "Você está sentada aqui sozinha há muito tempo... Está com fome? Gostaria de um doce?" (Bonitinha)
A bela mulher sorriu timidamente e abaixou a cabeça, com um leve rubor nas bochechas: "Não, obrigada."
"Oh, como você é linda!" -- a garotinha estava cheia de inveja -- "Queria ser tão bonita quanto você!" (Criancinha né gente🥰)
"Você também é muito bonita, Xiao³ Yan." -- a garota tubarão sorriu e respondeu suavemente, sua voz era suave, como a brisa da primavera em um bosque -- "Quando você crescer, com certeza será mais bonita do que eu."
³ Xiao (小): pequeno (a)
"Sério?" -- a criança acreditou e tocou seu rosto, encantada -- "Como você sabe?"
"Porque você é uma boa criança." -- a mulher tubarão levantou a mão e tocou os cabelos macios da criança, seus dedos eram como jade branco, vagamente translúcidos -- "Uma criança bondosa será uma grande beleza quando crescer. Este é um presente dos deuses."
"É mesmo? Que ótimo!" Ela conseguiu a promessa que queria e não conseguiu conter o riso alegre. (Fofinha🥰)
"Princesa! Onde você estava?" De repente, uma voz veio de fora da tenda.
"Ah, eu preciso voltar! Senão, a Vovó Sheng vai me dar uma bronca!" -- ela mostrou a língua e sorriu para a mulher-tubarão -- "Ei, eu vou te encontrar quando eu crescer e ficar mais bonita! Serei mais bonita que você? Viveremos para ver quando você nos comparar!"
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Na infância, a lembrança dessa mulher era apenas um momento fugaz. No entanto, uma beleza tão incrível deixou um brilho em seu coração, ainda criança, que não pôde ser esquecido por muito tempo.
Ela não esperava vê-la novamente em um lugar como aquele depois de tantos anos! (O choque)
COMENTÁRIO DA TRADUTORA: A Zhu Yan criança era tão fofinha, gente 🥰🥰🥰
Capítulo 4
A expectativa de vida de um tubarão é 10 vezes maior que a de um ser humano, suficiente para transformá-la de uma criança em uma donzela pronta para casar. Mas, para a longa vida de milhares de anos de um tubarão, dez anos passam em um estalar de dedos. Essa mulher-tubarão já passou por altos e baixos, acompanhou o antigo Rei pelos últimos dez anos de sua vida, mas ainda tinha a mesma aparência da primeira vez.
No entanto, a beleza que nem o tempo foi capaz de apagar fora destruída pelas mãos de um homem! (Triste, mas isso tbm ocorre na vida real😢)
Ela observou a mãe e o filho, atordoada, a mãe na urna e a criança acorrentada coberta por trapos a seus pés. Após um longo tempo, ela murmurou: "Oh, meu Deus! De acordo com o legado do antigo Rei, não era para você ter sido enterrada junto com ele três anos atrás? Como você pode estar aqui?"
Yu Ji abriu a boca, sem a língua, e balançou a cabeça desesperadamente, tentando murmurar alguma coisa, as lágrimas escorriam, caindo no chão e brilhando suavemente no galpão de lenha mal iluminado.
Zhu Yan não pôde deixar de encará-la, atordoada.
Diz a lenda que os tubarões nascidos no Mar Azul, quando choram, suas lágrimas caem como pérolas e tecem a água como seda. Mas, desde que ela era uma criança, só viu um tubarão, e ele não choraria nem uma vez para satisfazer sua curiosidade, então ela naturalmente não sabia se isso era verdade ou não. Olhando para as lágrimas que estavam caindo do canto de seus olhos como pérolas, ela permaneceu sem palavras por um momento.
"Eu vejo... A princesa Suda deve ter feito isso!" -- ela franziu a testa e falou furiosamente -- "Foi aquela maldita mulher venenosa que te deixou assim depois da morte do antigo Rei, não foi?"
Yu Ji não pôde falar, mas chorou silenciosamente. (😭😭😭😭)
A Concubina Imperial do Rei do Clã Huotu era famosa por aí, e até Zhu Yan, a única filha do Rei Vermelho e casada sob o poder do Filho dos Céus, estava um pouco perturbada. Como a escrava-tubarão que só podia ser um pet por um tempo, poderia se livrar de problemas?
Zhu Yan suspirou e olhou para o garotinho a seu lado.
"Esse é seu filho? Eu nunca ouvi dizer que o antigo Rei tivesse mais um herdeiro depois dos 50 anos... Oh, ele é o que você trouxe com você?" Repentinamente, Zhu Yan parecia ter entendido algo, puxou a criança, afastou seus cabelos desgrenhados e quis ver algo atrás de sua orelha. No entanto, a criança lutou desesperadamente e mordeu sua mão.
"Ei!" -- ela foi pega de surpresa e acariciou a mão com raiva -- "Bastardinho!"
A criança cambaleou no chão com as algemas de ferro. Yu Ji gritou ansiosamente na urna humana.
"Com certeza, ele é um tubarãozinho." Zhu Yan segurou a cabeça da criança, afastando seu cabelo, e viu as duas linhas finas atrás de sua nuca, como duas pequenas luas crescentes. Uma guelra, um símbolo único dos tubarões das profundezas do mar. Essa criança é realmente aquela que Yu Ji trouxe com ela?
"Quem é o pai dele?" -- Zhu Yan estava um pouco curiosa -- "Ele também é um tubarão?"
Yu Ji não falou, sua expressão estava um tanto estranha. Ela só a olhou teimosamente, seus olhos mostravam uma súplica.
"Você está me pedindo para levá-lo?" Zhu Yan olhou para a pobre mulher que havia se tornado uma urna humana, depois olhou para a criança, e seu coração apertou um pouco. Depois da morte do antigo Rei, o Ministério do Clã Huotu foi controlado pela princesa, e mãe e filho foram tão violentados que tiveram que implorar pela morte e não conseguiriam sobreviver, então se voltaram rapidamente para ela, uma estranha, para pedir ajuda. (Gente, isso escalou de uma forma que eu não imaginei que ia escalar...😫)
Yu Ji assentiu ansiosamente e olhou para o chão novamente, com lágrimas nos olhos. As lágrimas da mulher-tubarão se transformavam, gota a gota, em pérolas.
"Ei, qual é seu nome?" -- ela suspirou e perguntou à criança que ela tinha prendido no chão -- "Quantos anos ele tem? Você tem 60 (como a idade deles é 10 vezes a idade humana, como foi dito lá no início do capítulo, ela quis dizer 6)? Por quanto tempo você está me seguindo?"
A criança-tubarão olhou para ela friamente, bufou com desprezo e permaneceu em silêncio. Aquela hostilidade amarga e ódio fez Zhu Yan, que havia desenvolvido um pouco de simpatia, franzir a testa.
"Eu não sei." -- ela murmurou -- "Eu não posso nem cuidar de mim mesma agora, então não vou me dar ao trabalho de te salvar!"
No entanto, neste exato momento, houve um alvoroço do lado de fora, como se incontáveis pessoas estivessem assustadas e fugindo de seus sonhos de embriaguez. Todo o acampamento estava alarmado, e uma voz gritou por ajuda na distância do vento e da neve: "Alguém... Venha! Há demônios de areia!"
"A Princesa foi levada pelo demônio de areia! Socorro! Socorro!" (O plano...)
Era a voz de Yu Fei, afiada e amedrontada, como um fio de aço lançado no céu, repentinamente penetrando no vento e na neve, perfurando a noite de ferro no Deserto Ocidental e fazendo Zhu Yan instantaneamente levantar.
Parecia que a menina estava amedrontada pelos demônios de areia. Ela gritou tão severamente, não parecia estar fingindo nada. Ela a disse claramente que os gigantes receberam suas próprias ordens e não iriam atacar ninguém no acampamento exceto a falsa Zhu Yan, mas ela ainda estava com medo deles!
Zhu Yan estava tão ansiosa que não conseguia mais cuidar das coisas aqui. Ela era uma estranha em Susa Haru, afinal, e era muito fraca sozinha. Seria bom para ela ser capaz de se salvar e sair suavemente no meio do caos. Como ela poderia controlar uma emergência repentina de mãe e filho?
Ela beliscou delicadamente a nuca da criança, e o osso de jade instantaneamente tocou o centro de sua sobrancelha, injetando uma pequena luz como um vaga-lume. Yu Ji, ao lado deles, abriu a boca desesperadamente e gritou, mas sua boca sem língua não conseguia emitir nenhum som. Ela balançou a cabeça violentamente e quase derrubou a jarra de vinho novamente.
"Não tenha medo, eu não vou matar seu filho." -- Zhu Yan suspirou e jogou a criança de volta no chão -- "A criança viu algo que não deveria ter visto. Preciso usar magia para apagar a memória dele esta noite. Quanto a você... Enfim, você não pode dizer nada, não pode delatar, esqueça." (Como ela vai delatar se ELA É MUDA?)
Enquanto falava, ela sacou uma faca e cortou as algemas de ferro dos pés da criança com um som de "woosh". Ela olhou para Yu Ji na urna e balançou a cabeça novamente: "Esqueça, esta urna de vinho com você, é melhor ficar com ela, ela está toda grudada na sua carne. Se eu quebrá-la, acho que você não vai conseguir sobreviver."
Ela bateu palmas e se levantou: "Bem, então você pode resolver isso sozinho daqui. Eu tenho que ir cuidar da minha vida!"
Ela jogou a adaga para a criança casualmente e se virou para sair. Todos estavam indo em direção à tenda dourada, e este lado estava ainda mais vazio e ignorado. Em meio ao vento e à neve, ela ouviu o grito de Yu Fei e o rugido dos demônios da areia. A voz do vigia soou e despertou os guerreiros de Huotu. Assim que os grandes xamãs do clã saírem, todos os demônios da areia serão exterminados em um piscar de olhos.
Não importa. Contanto que ela tenha meia hora, pode partir sem problemas.
Na véspera de seu casamento, a Princesa Zhu Yan foi atacada pelos demônios da areia. Ela sofreu um desastre e seu corpo foi dilacerado. Depois que a notícia chegou à Capital Imperial, ninguém a forçaria a se casar novamente nesta vida. Que bom! (Vai dar certinho, confia)
Zhu Yan saiu do galpão de madeira ansiosamente e correu para ir embora. No entanto, quando foi verificar, o cavalo-leão de jade-brilho-da-noite (sangue puro árabe, nenéns) preparado lá fora havia sumido, e até mesmo todos os cavalos no estábulo não estavam em seus lugares. As pegadas na neve estavam espalhadas em todas as direções.
"O quê?" -- ela não pôde deixar de se surpreender; seu rosto mudou de cor -- "Quem fez isso? Aqueles cavalos foram claramente adormecidos com um feitiço! Como eles puderam fugir?"
O vento e a neve ainda rugiam, e ela ouviu os gritos dos demônios da areia à distância enquanto caíam em uma das extremidades. Parece que o pessoal do departamento de Huotu assumiu o controle da situação e em breve matará todos eles na tenda dourada. Ansiosa, ela ergueu as mãos e selou o peito, desaparecendo instantaneamente na neve.
"Mal posso esperar! Mesmo que não haja cavalo, eu preciso ir embora imediatamente!"
A neve era tão espessa que quase chegava aos seus joelhos. Ela se escondeu e cambaleou para fora, tentando voar e ir embora rapidamente. No entanto, a nevasca era muito forte, e ela teve que lutar contra o vento, que a deixou torcida e incapaz de voar. Ela era como um pássaro estúpido, lutando para decolar várias vezes, mas foi empurrada para trás, envergonhada, e finalmente caiu na neve ("E lá vamos nós; esta não é. E lá vamos nós; esta tbm não..."). Ela só conseguia caminhar em águas rasas e profundas, deixando Susa Haru para trás o mais rápido possível.
No entanto, enquanto caminhava, de repente esbarrou em uma pessoa.
"Ei, você não tem olhos?" Zhu Yan foi atingida e caiu na neve. Ela estava tão furiosa que soltou um palavrão.
No entanto, assim que as palavras saíram, ela rapidamente cobriu a boca em pânico; sim, ela estava agora em um estado de invisibilidade. Como ela poderia ser vista pelos outros? Ela não tinha acabado de se expor?
"Você usou a habilidade da invisibilidade, mas ainda culpa os outros por não terem olhos?" -- uma voz respondeu friamente, como se o vento tivesse enviado blocos de gelo -- "Como você ainda parece um pássaro sem cabeça quando cresceu tanto?"
"..." Ao ouvir aquela voz, ela estremeceu de repente.
O quê? É... é ele?
Em uma noite desértica e nevada, um jovem com um guarda-chuva surgiu da escuridão e parou na frente dela. Um manto branco esvoaçava diante de seus olhos, com o padrão familiar de nuvens bordado na ponta do manto. O farfalhar da neve caía sobre o guarda-chuva pintado com rosas brancas. Sob o guarda-chuva, um par de olhos indiferentes a observava sentada no chão, envergonhada, com a testa ligeiramente franzida.
"Sh... Shifu¹?" Ela gaguejou para o homem, incapaz de acreditar no que via por um momento.
¹ Shifu (师傅): Professor. Usado principalmente pelos discípulos para se referir aos mestres nas artes marciais.
O homem que apareceu de repente no deserto naquela noite de neve tinha vinte e poucos anos, cabelos longos presos com uma coroa de jade e uma bela ponta clara na testa. Suas sobrancelhas são claras e seus olhos são frios e límpidos, como um imortal flutuando na neve.
Este homem é Shi Ying, o grande Sacerdote do Templo Jiuyi! (O ML, rapaziada!)
"Como o Shifu pôde aparecer de repente aqui? Não estou sonhando, estou?" Zhu Yan olhou para ele atordoada até que o homem estendeu a mão e a puxou para cima da neve.
Suas mãos são quentes e fortes, definitivamente não são uma ilusão.
"Shifu... Shifu?", ela não conseguiu evitar gaguejar novamente, sem saber o que dizer.
Shi Ying a ignorou, mas virou a cabeça para ouvir o rugido das feras gigantes que vinham do vento ao longe. Ouviu-se um leve som de bênção na neve e, de repente, uma luz cortou a noite, estrondosa!
"O grande mago do Clã Huotu é realmente poderoso. Em apenas quinze minutos, todos os demônios de areia que você invocou foram eliminados." --
Shi Ying disse fracamente -- "Vamos dar uma olhada na agitação." (Deixa só eu pegar minha pipoquinha)
"Hã?" Ela se assustou e deu um passo para trás.
Com essa base de cultivo dela, não passa de se esconder dos guardas. Se ela usar a habilidade de invisibilidade na frente do grande mago, temo que ele consiga ver através dela em um instante.
"Do que você tem medo?" -- Ele se inclinou sobre o guarda-chuva e cobriu o topo da cabeça dela -- "Estou aqui, com você", disse ele suavemente. (Fofo)
O vento forte e a neve cessaram imediatamente, e a respiração sob o guarda-chuva era quente e tranquila, como a neblina do vale no início da manhã de setembro. Ela ansiava por aquele calor, mas olhou para o mestre com medo, encolheu os ombros e murmurou: "Mesmo assim, não seria melhor aproveitar o caos e ir embora?"
COMENTÁRIO DA TRADUTORA: Esse foi bom, começou mega pesado, fazendo a gente lavar os olhos (como se o drama também não fosse pesado à beça) e termina fazendo a gente rachar o bico, amei!
Capítulo 5
Ela tinha medo de seu Mestre desde que era pequena. Quando ela chegou até ele, ela até gaguejou.
"Você acha que pode fugir desse jeito?" -- Shi Ying olhou para ela com frieza -- Mesmo que o grande mago não perceba que esses demônios de areia foram convocados por você, mesmo que eles não percebam que aquela que está sendo comida é um clone... mas, e quanto a isso?"
Ele pausou e apontou para as pegadas espalhadas na neve. Entre eles estavam as marcas das garras dos demônios de areia e as marcas das ferraduras dos cavalos, densamente cobertas pela neve.
Zhu Yan sentiu-se culpada e perguntou: "Isso... o que há de errado com isso?"
Shi Ying franziu as sobrancelhas e teve de explicar pacientemente a sua aprendiz (ele tá com zero paciência, pelo visto): "As pegadas desses demônios de areia claramente vêm das proximidades do estábulo. Mas, em vez de atacar esses cavalos, o que era mais fácil, eles foram até sua tenda? E aqueles cavalos, como ainda estão tranquilos? Você acha que todo mundo do Clã Huotu é idiota igual a você?" (wow, não precisava, né?)
Zhu Yan ficou atordoada por um momento, incapaz de falar. Depois de um tempo, ela murmurou: "Então, esses cavalos... foi você que os deixou sair?"
"Claro. Se eu não os deixasse sair, os olhos perspicazes a descobririam com um simples olhar. Além disso, a montaria da Família Real foi toda marcada. Você vai se entregar quando te pegarem andando por aí em um cavalo roubado?" (É por isso que ela tem medo dele) -- Shi Ying balançou a cabeça e olhou para ela -- " Confiando em seu plano fracassado, você ainda quer fugir do casamento?"
Atingida pela última frase, Zhu Yan não pôde evitar se assustar e perdeu a voz: "Você... como você sabe que eu ia fugir?"
"Hehe" Shi Ying estava com preguiça de responder, então só falou: "Venha, siga-me, vamos assistir o espetáculo." (O maluco é muito doido🤣🤣🤣🤣🤣🤣)
Ela estava sendo segurada pelo seu Mestre e voltou relutantemente. Ela não pôde evitar murmurar: "Shifu, você... você não estava cultivando a portas fechadas no Vale dos Reis? Como... por que você apareceu do nada?"
"Eu não posso tomar seu vinho de casamento?" Shi Ying disse levemente.
"Shifu... você!" Zhu Yan sabia que ele estava zombando dela (claro, você dá motivo), ela estava tão deprimida. Ela bateu o pé, mas não ousou responder; droga, ele veio aqui só para fazer comentários sarcásticos?
Shi Ying a ignorou e continuou. Ele não sabia andar, então flutuou no ar, contra o vento e a neve, na velocidade de uma flecha (deuxa eu ver se eu entendi: o cara não sabe andar, mas sabe voar rapidão? É isso?). Zhu Yan respirou fundo e rapidamente ficou para trás. Ela seguiu-o apressadamente, encolhendo seu corpo sob o guarda-chuva e olhando para seu Mestre, inquieta.
Como uma grande divindade do templo Jiuyi, Shi Ying, apesar de não ser muito velho, tinha uma posição altíssima em Kongsang, abaixo somente do Grande Comandante do Pagoda¹ Branco de Jialan. Ela não o via desde que saiu de Jiuyi, há 5 anos. O Mestre era naturalmente arrogante e frio e seu paradeiro era errático. Ele sempre foi muito bom em ver a cabeça, mas não a cauda (provavelmente deve ter significado parecido com o bíblico: ele não é submisso a ninguém). Por que ele apareceu repentinamente nesse Deserto Ocidental nesse momento? Não dá para entender. Poderia ser... ele realmente está aqui pelo vinho matrimonial?
¹ Pagoda: um templo de cinco andares, em que cada andar representa um dos 5 elementos do budismo: terra, água, fogo e espírito, de baixo para cima.
Entretanto, quando ela acabou de pensar nisso, seus olhos brilharam, e uma sombra negra avançou, afiada como uma faca.
Oh, droga! Ela não teve tempo de pensar sobre isso. Seus dedos entrelaçaram e o selo foi fechado instantaneamente. No entanto, o corpo não se mexeu, ela só ouviu um som abafado e um tiro de fogo à distância fez um som de "brush" através da cabeça daquela coisa. Com um rugido alto, a coisa caiu em frente ao seu pé, contraindo-se algumas vezes, e depois parou de respirar.
Zhu Yan olhou para baixo e seu rosto mudou um pouco de cor: era claramente o demônio de areia que ela enviara mais cedo, com metade de um corpo sangrento na boca (🤢), o corpo da noiva falsa.
Shi Ying ficou lá segurando o guarda-chuva, imóvel.
"A arte do espelho e flores vazias? Essa é sua obra de arte?" Ele olhou para a manga da Grande Cauda de Fênix Dourada e Vermelha na boca do demônio de areia e falou lentamente: "Essa é a seda do tributo real, que só é dada para as seis famílias reais (pelo que eu entendi, são vários reinos vassalos de um reino maior). O bordado acima também é da Oficina de Bordado Real, que é o vestido que ela usou na noite de núpcias."
"Aham" Ela olhou para ele e teve que admitir.
Toda a parte superior do corpo da falsa Zhu Yan havia sido engolida pelo demônio de areia, só restava metade de um braço pendurado na boca dele (pra quê essa descrição tão detalhada, me diz, pra quê?). Entre os dentes do demônio, seu braço era macio como uma raiz de lótus, e seus dedos longos e elásticos estavam tingidos com Cardan (não faço ideia do que seja isso). Em um dos dedos, estava o anel de gema que ela frequentemente usava.
"A boneca fez um bom trabalho." -- Shi Ying finalmente a elogiou -- "É uma pena que eu não possa ver a cabeça."
"Eu acho... eu acho que ela já foi comida, certo?" Zhu Yan imaginou sua aparência sangrenta e não pôde evitar sentir um frio na espinha e tremer. Ela era realmente azarada por ter um dia tão ruim, e ainda foi forçada a ver sua morte miserável. Seu plano de escapar do casamento estava uma bagunça.
"É uma pena," -- Shi Ying balançou a cabeça -- "eu não posso ver a cabeça e não sei se você realmente aprendeu."
Ela ficou muito brava e murmurou: "Então você veio aqui para ver se eu fiz meu dever de casa..." (uma vez Shifu, sempre Shifu 🤣🤣🤣🤣🤣🤣)
O mestre e a aprendiz mal disseram algumas palavras e um grupo de pessoas já estava correndo e gritando alto. A tocha brilhou intensamente, como o rugido de um dragão de fogo, e eles cercaram os demônios mortos do outro lado.
Vendo a multidão ameaçadora se aproximando, Zhu Yan inconscientemente quis se esconder, mas Shi Ying pressionou o guarda chuva para baixo, ocultando-os, e disse: "Está tudo bem, só fique embaixo do guarda-chuva. Eles não conseguirão te ver." (Ele é brabo, mas na hora H protege ela, fofo🥰)
Ela ficou sem palavras por um momento, mas logo se acalmou. Afinal, do que ela deveria ter medo? Com o cultivo do Mestre, mesmo que o deserto inteiro viesse lutar, ainda não se comparariam a ele. Se ele interveio para protegê-la, o que o Grande Mago do Clã Huotu poderia fazer?
Os dois ficaram ali, segurando o guarda-chuva e vendo a multidão correr em sua direção.
"Aqui... a Princesa está aqui!" O arqueiro que liderava desceu de seu cavalo e gritou em êxtase, mas assim que ele se aproximou e viu o cadáver entre os dentes do demônio morto, ele abaixou-se e sua voz tremulou: "Ela... A Princesa, ela..." (pela descrição acima, deve ter sido um choque tão grande, não sei como ele não desmaiou)
Os cascos dos cavalos se enrolaram como o vento e alguém perguntou em voz alta: "O que houve com ela?"
Uma mulher na casa dos 40 do Deserto Ocidental, alta e forte, vestida em roupas chiquíssimas e adornada com ouro pesado, desmontou do cavalo com um som de chicotada antes que ele parasse. Suas habilidades eram ainda melhores do que a de um homem. Ela era a Concubina imperial mais velha do velho Rei de Huotu, e agora a verdadeira governante da tribo. Todos olharam para ela e recuaram.
Sabendo que ela não poderia vê-la, Zhu Yan inconscientemente encolheu sob o guarda-chuva.
"Essa é sua sogra? Ela parece muito poderosa." -- Shi Ying observou a senhora nobre do Deserto Ocidental e olhou para ela novamente -- "Você não será capaz de derrotá-la."
"Ei!" Zhu Yan puxou a manga dele e quase rasgou suas roupas. O assunto se tornou cada vez mais sério, e ela ficou realmente envergonhada por continuar assistindo àquela farsa patrocinada por ela mesma, mas o maldito se recusou a ir embora. ("O maldito" 🤣🤣🤣🤣🤣)
Droga, por que você se rendeu a este homem como seu Shifu, para começo de conversa?
"Oh, meu Deus!" A concubina pulou do cavalo, caminhou até lá e olhou para o cadáver na boca da fera. Seu rosto ficou branco, mas ela parou, acalmou-se e gritou violentamente: "Não se mexam ainda!"
Os guerreiros de Huotu tinham acabado de se reunir ao redor, tentando tirar a garota da boca do demônio morto. Assim que ouviram o grito, imediatamente recuaram.
A Concubina correu, ajoelhou-se na neve e sacudiu o braço que estava pendurado, sacudindo o corpo e respirando profundamente.
Ela levantou a cabeça e ordenou à pessoa ao seu lado: "Ainda há salvação! Depressa, vá e chame o Grande Mago!" (Como que ainda tem salvação, mulher, o corpo tá literalmente despedaçado!)
“Alteza, como está a princesa? Oh, meu Deus, isto é…”
Nesse momento, outro homem desceu do cavalo, ofegante: era um emissário da Capital, Jialan. Ao ver a cena, sua voz tremulou. Enviar a Princesa do Clã Vermelho para Susa Haru para se casar era originalmente um bom plano, mas ele não esperava tal resultado no final.
Se ele retornasse à Capital e apareecesse diante do Imperador com tal relato, não seria executado na hora?
O mensageiro ficou chocado e desmaiou repentinamente. O frio era tão intenso que fazia doer os ossos.
“Venham, levem-no de volta para a tenda dourada para descansar!” A concubina não se assustou (caraca, mulher de ferro), ordenou aos homens da tribo Huotu ao seu redor que saíssem com o emissário inconsciente, olhou para o braço pendurado e disse: "A Princesa está gravemente ferida, por isso é inconveniente ficar nua na frente dos outros. Todos, fiquem a três metros de mim. Aqueles que se aproximarem terão suas cabeças decepadas!"
"Sim!" Os guerreiros do Clã Huotu estavam acostumados a receber ordens militares rigorosas, então recuaram imediatamente. Em uma noite de neve tão estrondosa, a três metros de distância, praticamente inviabilizavam a presença de olhos e ouvidos curiosos.
Zhu Yan observava de lado, protegida por sua invisibilidade, e não pôde evitar murmurar: "Bah, assim que ela tomar seu pulso, saberá que está morta. Por que essa velha bruxa ainda é tão pretensiosa? Fazer alarde por nada, é óbvio que é trabalho do demônio."
"Velha bruxa?" -- Shi Ying ergueu as sobrancelhas -- "Ela é sua sogra. É apropriado chamá-la assim?" (O dia que vc casar, vai entender...)
"Quem é minha sogra?" -- ela bufou friamente e se lembrou da trágica situação de Yu Ji nos estábulos, então, não pôde evitar sentir uma profunda repulsa, e suas sobrancelhas se ergueram -- "Se não fosse por medo de causar problemas ao meu pai, eu estrangularia essa velha bruxa cruel agora mesmo!"
Shi Ying não respondeu, apenas a olhou pensativamente e então virou a cabeça.
Quando todos desceram, a velha Concubina do Huotu ajoelhou-se na neve e encarou o gigante morto. Ela arregaçou as mangas, abriu a boca do demônio da areia com as próprias mãos e retirou a nora que havia sido meio engolida. O corpo incompleto pendia para fora, seus ombros estavam cobertos de feridas e sangue, e a cabeça inteira havia desaparecido. (Pelo amor de Deus, parem com essas descrições, não tem necessidade disso!)
"Com certeza, ela não consegue ver o rosto." Murmurou Shi Ying sob o guarda-chuva.
Zhu Yan se afastou, franziu a testa e puxou as roupas, deixando claro que eles deveriam ir embora rapidamente. A cena era tão sangrenta que ela ia vomitar se continuasse assistindo. (Se até a gente lendo tá nessa situação, imagina ela assistindo...)
No entanto, no mesmo instante, outro cavaleiro surgiu da neve e desmontou às pressas.
"Aí vem seu marido, o novo rei Ke Erke." -- Shi Ying sorriu de repente e apontou para o homem barbudo -- "É um herói escondido."
"Tão feio." Zhu Yan roçou os lábios e bufou. (🤣🤣🤣🤣)
Como filha única do Rei Vermelho, ela cresceu no palácio,.onde os sinos tocavam e a comida era deliciosa. Desde a infância, admirava a beleza incomparável do povo do abismo, assim como Yuan.
Tomando a beleza do povo tubarão como padrão estético, ela tornou-se muito exigente. Até mesmo o Mestre, aos seus olhos, só pode ser considerado bonito, honesto e bem-humorado. Então, como ela pode se interessar por este bárbaro ocidental?
"Raso", Shi Ying balançou a cabeça.
"Mãe! O que aconteceu com a Princesa?" O outro homem pulou do cavalo e perguntou ansiosamente.
Assim que viu o corpo sem cabeça no chão, sua garganta se moveu e o forte odor de sangue lhe invadiu as narinas. De repente, ele não conseguiu resistir ao cheiro e seu estômago reviro-se por causa do vinho. Ele se virou para a sela do cavalo e vomitou.
O noivo devia ter ouvido falar que a Princesa Zhu Yan, do Clã Vermelho, era uma mulher linda. Ele estava cheio de expectativas, mas não esperava que a noiva estivesse com aquela aparência antes mesmo de ter a chance de entrar na tenda dourada para se casar. (Pois é, né?)
O noivo apenas olhou para ela e vomitou todo o conteúdo do estômago. Zhu Yan se afastou, sentindo-se humilhada. Num acesso de raiva, ela quis pular na frente dele para corrigir a ideia errada que ele tinha dela. Não olhe para aquela pilha de carne moída, é falsa, é falsa! Eu ainda estou bonita! É mais do que suficiente para você, ok?
Como se soubesse o que ela estava pensando, Shi Ying se virou para olhá-la e disse: "Você se arrepende agora?"
"Do que devo me arrepender? Eu simplesmente não pensei que minha morte seria tão feia." Ela puxou a manga dele novamente e murmurou: "Agora podemos ir embora, por favor? O que mais há para ver? Você vai me ver sendo sepultada e enterrada?"
"Espere um minuto." -- Shi Ying permaneceu impassível -- "Se você quer ir, vá sozinha então."
COMENTÁRIO DA TRADUTORA: Sei nem o que comentar disso aqui, sério...
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